terça-feira, 29 de junho de 2010

A felicidade não faz mais parte de mim

A felicidade não faz mais parte de mim

A felicidade não faz mais parte de mim;
foi uma tristeza que me deixou assim;
foi uma amizade que criou o sim;
e que nunca mais teve fim.

A tristeza tomou conta de mim;
não vejo mais motivo de sorrir; 
não vejo mais vontade de andar;
só sinto um vazio dentro de mim;
que está me deixando assim;
por causa de uma amizade enfim.

Saudade ficarão dos momentos felizes;
das alegrias vividas, dos risos feitos;
da amizade sempre unida;
que agora fica só na lembrança;
feito uma criança;
a brincar de amar.

Agora os momentos ficam na lembrança;
a sorrir, a chorar, a lembrar;
daquelas coisas vividas sempre a sorrir;
daquelas coisas amadas que sempre eu quis viver;
e agora eu fico aqui a lembrar;
fico aqui agora somente a chorar.

A felicidade não faz mais parte de mim;
a saudade tomou conta do meu viver;
que me deixou assim;
mas, enfim;
aquela dor que nunca mais terá fim.

Mateus Augusto, 27 de junho de 2010.

domingo, 27 de junho de 2010

Sou o amor

Sou o amor

Só assim, podia pensar em mim.
Meu amor, não canto só;
você podia vir pra mim;
pra mim, assim.

Nunca assim;
o amor voltou, cantando uma flor;
cantando bem.

Sou sem paz, assim como eu serei;
como o amor, o amor.
Meu amor;
meu amor.

Triste assim;
eu nasci, com a amor que criou-se em mim;
sempre assim.

É a saudade em mim;
amor, me deixa ser feliz;
ao seu lado, deixa eu te mostrar;
assim.

Tristeza, eu canto assim;
junto ao amor;
junto sim.
Preciso de você;
aqui sem dor;
só você, só você.

Sou sem paz;
com seu amor, com saudade de mim.
Ah, me deixe ser feliz;
ao seu lado, eu canto assim.
É a saudade enfim.

Ah, sou o amor;
sou a dor, que você criou em mim;
somente eu mim.
É a saudade enfim.

Deixa eu ser;
como você.
Felicidade criei ao seu lado, meu bem;
sem ninguém, com alguém.

É a saudade em mim;
meu bem, eu canto assim.
É a vontade de amar enfim.
Deixa eu ser assim;
deixa eu ser feliz.
Diga sim, diga sim;
diga sim.

Mateus Augusto e Marcella Torres, 3 de março de 2010.

Letra e melodia baseada na música " Sou sem Paz " de Adylson Godoy cantada por Elis Regina na década de 60, precisamente no ano de 1965.


domingo, 20 de junho de 2010

Memorial de Campo Grande no Rio de Janeiro

Naquela época, era diferente. Viam-se mortos sobre a mesa, perto do mar, no horizonte. Cantavam uma incelença pedindo a bênção de tudo que já foi dito. Mas, naquele caso era diferente.
Era uma noite escura, perdendo forças a cada mediação de tempo. Viam-se famílias passeando, ouvindo música, naquela lenta habitação que tinha Campo Grande, zona oeste do Rio de Janeiro. Talvez na passagem da  avenida Brasil continuasse assim. A lua fermentava-se junto com as estrelas, formando claridade, sem alguma
lâmpada na estrada. Era longe do centro, e ainda é. Se passarmos por ali veremos algo claro, rural, marcado pela época que foi a década de 60, terminantemente acabada a obra final de memorização daquele bairro.
Até hoje lembram-se daquele dia que foi 23 de setembro de 1966. Formou um medo total, sem alguma marcação na avenida, sem nenhum automóvel passando por aquela via que era parte da BR-101, que cruza a região Sudeste.
Aquelas pessoas livremente passando por aquela via próxima ao centro, que ligava ao centro do Rio de Janeiro, não imaginariam o que viria a seguir, naquele momento. Elas estavam felizes, sem imaginar qual o que iria acontecer naquele todo. Haviam pequenas construções de casas, sem nenhum habitante.
As pessoas no caminho estavam vendo uma luz no fundo da avenida Brasil, era um caminhão gigantesco. Não posso dizer que foi acidente, pois não foi. Desceu uma pessoa rendada de felicidade, com coração calmo e vazio, atirando-lhes algo que parecia conhecido.
Ele pegou algo do seu bolso, algo da memória. Não me lembro bem o que era, se era uma arma ou um revólver, mas sei que atirou-lhe a sete chaves para o céu, mandando aquelas pobres pessoas se retirarem, e logo em seguida atirou pesado, e, ao mesmo tempo, vagarosamente, para alguém. Quem teve a pesada bala nas costas, simplesmente, foi aquela mulher que lutou pela independência daquele bairro, e que queria transformar aquela parte em município.
Patrícia, vamos chamá-la assim, pois seu nome ninguém sabia. Ela vinha do sul, no ano de 1960, para trabalhar na unificação da avenida das Bandeiras com a novíssima avenida Brasil. Não tinha ninguém, vivia sozinha desde que nasceu. Quem a ensinou a ler, a escrever e a trabalhar foi a sua parteira, Maria das Dores. Patrícia tinha 20 anos completos quando veio para o Rio de Janeiro. Poucos sabiam da sua vida particular, pois morava ali, em uma das raras casas à beira da avenida Brasil. O contrato que ela fizera com a empresa da avenida foi até acabar a obra, mas ela ficou até a morte. Em 1964 criou o partido UCG, sigla de Unidos de Campo Grande, que hoje está esquecido na memória daquele bairo, quase uma cidade.
Lutou pela unificação de Bangu, Santa Cruz, Sepetiba, Guaratiba e Campo Grande, para se tornar a cidade de Campo Grande. Durante esses dois anos perdidos na memória de Campo Grande, Patrícia lutou pela independência, como, anos atrás, lutaram pela do Brasil. Quando sua mãe de criação, a Maria das Dores faleceu, ela não se unificou junto com a morte. Vivia sempre séria, com o apelido de Santa de Campo Grande. O povo daquele lugar com menos de 3 mil habitantes a conhecia por esse nome. Ninguém sabia dela, só se sabia que ela veio do Sul trabalhar nas obras de unificação da avenida Brasil. Se ela tinha nome, qual o nome dela, ninguém sabia. Se era santa de verdade ou uma pilantra qualquer, ninguém sabia. Se tinha filhos, ninguém sabia. Ela era recheada de mistérios, porém, como todos estes segredos, o povo confiou-lhe a mão de trabalhar juntos.
No dia seguinte da morte, Campo Grande estava em prantos, sagrando aquele corpo de uma santa, que nem mesa tinha, nem caixão. Só tinha um barco, para ser levada a véus, a sete palmos do chão, que singrará a sete céus até chegar naquele lugar que ela queria desejado. Posso dizer o mesmo para o querido Saramago, posso sim. Aquele escritor fabuloso que desejou muitas pessoas e que foi desejado naquele romance límpido que escrevera e deixaste o amor levá-lo enfim, para onde está essa santa Patrícia, a Santa de Campo Grande.
Levaram ela para Sepetiba, jogaram-lhe o corpo no barco, com todos os sentimentos, as lágrimas do pranto das pessoas daquele Campo Grande, daquela zona oeste saudosa. O último adeus deram-lhe, sem saber ao menos o seu nome. Queriam que ela virasse santa, tal qual não aconteceu. Mas na memória este episódio irá ficar.
Naquela época, era diferente. Viam-se mortos sobre a mesa, perto do mar, no horizonte. Cantavam uma incelença pedindo a bênção de tudo que já foi dito. Mas, naquele caso foi diferente.

sábado, 19 de junho de 2010

Alguém como eu

Alguém como eu

Não vim do oeste;
vim do sudeste.
Tenho um nome único;
diferente dos demais.
Não sou normal;
nem anormal;
eu sou assim, eu sou eu.

O amor me devora.
Vivo com o sol;
vivo com a lua.
Sou o vento em estrela;
sou o sol, sou a lua.

Sou a folha ao voar;
sou o mundo a rodar;
sou tudo, sou todos;
ao meu redor.
Sou o princípio da natureza;
sou só eu e a solidão.

Encanto todos;
canto o mundo;
canto o amor.
Sou fácil, sou fogo e gasolina;
não tenho segredos;
só tenho mistérios.

Um dia sou o verão;
noutro sou o inverno.
Sou o outono num outro dia;
e neste dia sou primavera;
uma primadona.

Sou daqui, vim da terra;
sou imaturo, sou maduro.
Sou matéria, sou natural;
vim daqui deste lugar.
Sou o céu azul, sou o amor.

Mas, uma pergunta que não quer calar:
Existe alguém como eu?
Sou eu, ao meu redor.

Mateus Augusto, 5 de setembro de 2008.

domingo, 13 de junho de 2010

O Caminho Deserto

Encontro a luz no alto do céu. Encontro a estrada a frente. Falta pouco menos de uma hora para chegar. E só vejo mato, em plena segunda maior metrópole do Brasil. Dizem que aqui não é bom, não é cuidadoso, não é efêmero, mas eu confirmo: tudo isso eu nego. Posso dizer novamente que eu vejo a estrada lá em baixo, seguindo para o fim do mundo, como dizem. Agora só vejo o deserto de mim, o deserto que me acalma. O meu deserto, o caminho deserto para Sepetiba. Encontro a linha do trem, repasso a letra da música, ouço. Ouço e vejo algo belo, em pleno inverso, as folhas caídas, o chão cheio de pétalas de flores escurecidas e mortas, com saudades da primavera, mas logo logo ela vem. O retorno ali em frente me diz nada natural, somente o asfalto com terra me faz lembrar Seropédica, mas estamos longe. Quase chego em frente aquele lugar que não posso dizer o nome, mas como se eu nem sei. Sei que vejo casas, lá longe a serra (que me parece uma pintura sob a aquarela do céu azul com pouquíssimas nuvens) e o mato invadindo até o carro, me invadindo. Encontro a luz no alto do céu. Encontro a estrada a frente. Falta pouco menos de uma hora pra chegar. E só vejo mato, em pleno Rio de Janeiro, na zona Oeste. Por que será que aqui não tem muitos habitantes, apesar de ser a maior zona do Rio de Janeiro? Não sei dizer... Como diz o nome do bairro, somente vejo campos grandes a minha frente, campo grande da China, do Japão, do matagal ao rio e a Valesul me encontrando para fazer o retorno. Santa Cruz, já chegamos. Não vejo ninguém, nada, nem um carro na estrada. Sei que retorno ao mesmo longe onde vim e segue aquela estrada para o fim do mundo. Agora está bonito. O sítio em frente, algumas plantações de café e cana de açúcar. Passo novamente pela linha do trem e reencontro a letra da música, a solidão que lá deixei. Faço a curva suave, viro a esquerda e sigo até aquele centro comercial que não sei o que. Quando chego, parece que me mataram. Não posso mais continuar. Eu volto. Mas, se eu seguir, encontrarei o mar, o meu paraíso. Pode ser até abandonado, mas eu sigo. Sigo e sigo, pelo caminho deserto sem fim. O caminho da vida.

(Mateus Augusto)

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Dolores Duran, 80 anos


" Dolores: Me abrace simplesmente, não fale, não lembre, não chore, meu bem. "

A Noite do Meu Bem
(Dolores Duran)





Hoje eu quero a rosa mais linda que houver;
quero a primeira estrela que vier;
para enfeitar a noite do meu bem.

Hoje eu quero paz de criança dormindo;
quero o abandono de flores se abrindo;
para enfeitar a noite do meu bem.

Quero a alegria de um barco voltando;
quero ternura de mãos se encontrando;
para enfeitar a noite do meu bem.
Hoje eu quero o amor, o amor mais profundo;
eu quero toda beleza do mundo;
para enfeitar a noite do meu bem.
Mas como esse bem demorou a chegar;
eu já nem sei se terei no olhar;
toda ternura que eu quero lhe dar.

Maysa Figueira Monjardim, 74 anos


" Hoje, à 74 anos atrás, nasceu a mulher, a cantora, o mito. "

Maysa é Maysa... é Maysa, é Maysa
(Mateus Augusto)

Sentirei sua falta, Maysa;
mesmo sem ter te conhecido.
Sentirei a falta dos olhos verdes;
dos dois oceanos não pacíficos;
que a 74 anos atrás;
na cidade maravilhosa que é o Rio;
nascia a beleza pura de uma menina;
que a exatamente 20 anos após;
se tornaria um terremoto de mulher.
Dos olhos à boca;
viva a mulher pura e sentimental;
que era Maysa.

Maysa não morreu;
ela ressurge a cada dia, a cada momento;
do pôr-do-sol;
cantando como as cigarras;
morrendo ao entardecer com seu canto eterno. 

Maysa não morreu;
ela e eu nos encontramos sempre nos sonhos felizes;
nos nossos momentos;
com o canto sincero, canto que me emociona.

A mulher, a cantora, o mito;
nascia no sexto dia do sexto mês do ano de 1936;
em pleno desenvolvimento industrial;
em pleno demonstrativo musical;
Maysa nascia em uma casa antiga;
com o sol a raiar;
com a goiabeira a testemunhar;
com os braços abertos do Cristo Redentor a abençoar;
e a cantar, desde pequenininha, o mito e o amor;
chamado Maysa nascia;
pleno e formosamente;
como uma pluma ao anunciar;
que veio para ficar.

Maysa cantou seus amores;
Maysa cantou o amor;
Maysa cantou a dor.

Maysa;
que fez tudo o que queria;
que só falava o que pensava e o que pensava;
que era Maysa;
a mulher, a cantora, o mito;
e tudo isso tinha uma razão:
a razão chamada amor.

Por isso que quando me falam sempre;
eu respondo a mesma frase que me vem em mente:
Maysa é Maysa, é Maysa, é Maysa;
que alguns amam e outros sentem.

" Maysa: O meu amor por você é imenso, o meu amor por você é tão grande, o meu amor por você é enorme... Demais! "

sábado, 5 de junho de 2010

Apresentação: "Num fim de noite"



"É fim de noite, nossa estrela foi embora, seu olhar me diz agora, que eu vá embora também... em cada dia, toda noite eu sofri..."

Versos de Fim de Noite, música de Chico Feitosa e Ronaldo Bôscoli, que se tornou um sucesso na voz de Maysa, em 1962. Foi nessa canção que me inspirei para criar a poesia abaixo. Já fiz a melodia, e já se transformou em música. Como diz Chico, "em cada dia, toda noite eu sofri...".


Num Fim de Noite...

Quando a luz da lua se apaga;
quando tudo escurece;
depois volta o sol a brilhar;
depois tudo volta a me encantar;
acaba a noite que me enlouquece. 

Em cada dia, toda noite eu sofri.
Toda noite você veio para mim. 
Num fim de noite, nossa estrela foi embora;
seu olhar me diz agora, o amor que eu senti.
Num fim de noite, nossa estrela foi embora;
tudo nos fascina, tudo nos devora.
É fim de noite...
É fim de noite...

Nesta hora, só nós dois;
um fim de noite, uma saudade;
uma vontade louca de amar;
um amor, uma verdade.

Em cada dia, cada noite eu sofri;
esperando seu amor, esperando sua dor;
vivendo nosso amor, só nós dois;
o amor que senti.

Em cada dia, toda noite eu sofri.
Toda noite você veio para mim. 
Num fim de noite, nossa estrela foi embora;
seu olhar me diz agora, o amor que eu senti.
Num fim de noite, nossa estrela foi embora;
tudo nos fascina, tudo nos devora.
É fim de noite...
É fim de noite...


Mateus Augusto, 3 de maio de 2010.