domingo, 13 de junho de 2010

O Caminho Deserto

Encontro a luz no alto do céu. Encontro a estrada a frente. Falta pouco menos de uma hora para chegar. E só vejo mato, em plena segunda maior metrópole do Brasil. Dizem que aqui não é bom, não é cuidadoso, não é efêmero, mas eu confirmo: tudo isso eu nego. Posso dizer novamente que eu vejo a estrada lá em baixo, seguindo para o fim do mundo, como dizem. Agora só vejo o deserto de mim, o deserto que me acalma. O meu deserto, o caminho deserto para Sepetiba. Encontro a linha do trem, repasso a letra da música, ouço. Ouço e vejo algo belo, em pleno inverso, as folhas caídas, o chão cheio de pétalas de flores escurecidas e mortas, com saudades da primavera, mas logo logo ela vem. O retorno ali em frente me diz nada natural, somente o asfalto com terra me faz lembrar Seropédica, mas estamos longe. Quase chego em frente aquele lugar que não posso dizer o nome, mas como se eu nem sei. Sei que vejo casas, lá longe a serra (que me parece uma pintura sob a aquarela do céu azul com pouquíssimas nuvens) e o mato invadindo até o carro, me invadindo. Encontro a luz no alto do céu. Encontro a estrada a frente. Falta pouco menos de uma hora pra chegar. E só vejo mato, em pleno Rio de Janeiro, na zona Oeste. Por que será que aqui não tem muitos habitantes, apesar de ser a maior zona do Rio de Janeiro? Não sei dizer... Como diz o nome do bairro, somente vejo campos grandes a minha frente, campo grande da China, do Japão, do matagal ao rio e a Valesul me encontrando para fazer o retorno. Santa Cruz, já chegamos. Não vejo ninguém, nada, nem um carro na estrada. Sei que retorno ao mesmo longe onde vim e segue aquela estrada para o fim do mundo. Agora está bonito. O sítio em frente, algumas plantações de café e cana de açúcar. Passo novamente pela linha do trem e reencontro a letra da música, a solidão que lá deixei. Faço a curva suave, viro a esquerda e sigo até aquele centro comercial que não sei o que. Quando chego, parece que me mataram. Não posso mais continuar. Eu volto. Mas, se eu seguir, encontrarei o mar, o meu paraíso. Pode ser até abandonado, mas eu sigo. Sigo e sigo, pelo caminho deserto sem fim. O caminho da vida.

(Mateus Augusto)

Um comentário:

  1. Adorei Esse textoo!
    A Cada Dia vc Ta Escrevendo Melhor......
    Amei Esse!!!!

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