segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

midnight, dawn, solitude, love.

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É tanto amor. É tanta dor. É tanto sofrimento. São tantas pessoas caídas, mortas, ou mesmo dormindo, pelas ruas. É o ponto final do dia que acabou. Passo pelas ruas, caminho, não vejo nada, não vejo ninguém. No relógio, são onze e quarenta e cinco da noite, quase meia-noite. Ando mais dois quarteirões e vejo alguns bares ainda abertos, algumas portas ainda abertas. Numa dessas portas há um grande painel: "Entrem! Conheça a nova pizzaria Bom-Saffé". Não, obrigado, não quero entrar. Estou só vendo, só olhando pro fundo da rua e vendo tudo escuro. A noite está dominando, e a noite é uma criança, mas cadê a criança na noite? Ando mais ruas e novamente não vejo nada. Deve ser porque não estou na região principal, a do comércio. Viro a esquerda e vejo muitas luzes acesas no fundo da rua. Ando. No ponteiro do relógio de um edifício de quatro andares marca meia noite, em ponto. Será que meu relógio está errado? Porque a pouco tempo atrás no meu relógio eram onze e quarenta e cinco... Mas, não. O relógio não está errado. É realmente meia noite. Continuo meu passo meio lento para o final da rua. Avisto uma praça, com muita gente, muita prostituição, muitas drogas. Dá pena. Vejo também alguns pivetes e, no lado nobre da rua, vejo a boemia. Mesas enfileiradas, lotadas, com gente de bem, ou quase isso. Muitas casas de show, muitas pizzarias, muitas lanchonetes, muitos restaurantes, bares pra lá e pra cá, muitas casas de prostituição também. Ando por mais uma hora por aquilo ali, já fico meio cansado, resolvo voltar, mas não pelo mesmo caminho. Durante a volta fico poetizando pra mim mesmo, eu e eu na solidão de mim, na maior metrópole do Brasil: São Paulo. Bairro do Morumbi. Moro no Rio de Janeiro, porém quase sempre vou a Sampa, visitar parentes, e rever minha terra natal também. Fico imaginando que aquilo tudo ali já pertencera aos Matarazzo, que tudo aquilo ali era uma burguesia, cheia de Matarazzo, e que agora nada mais é que um além mais sofisticado. Olho pro céu, vejo estrelas. O céu está lindo, pena que não estou com a câmera, pois se não eu podia fotografar. Mas há o perigo: será que serei assaltado? O medo agora persiste, afinal a violência não só existe no Rio, a violência predomina em qualquer lugar deste planeta. Pronto. Cheguei ao hotel. Subo. São duas horas da manhã. Fico pensando no amor verdadeiro e no amor que nele persiste, no amor que nunca acaba, no amor verdadeiro que eu tenho e que, por incrível que pareça, pouca gente também tem. Esse amor é tão raro e profundo que eu acredito que só os mais apaixonados irão ter. Fico por mais duas horas sem dormir, poetizando, pensando sobre amor, escrevendo crônicas e ouvindo Maysa. Será que fiz bem de ficar acordado? O vôo pro Rio é amanhã, as três horas da tarde! Tenho que dormir, mas não vou. Eu não gosto muito de dormir, embora esteja com o mais sono possível. Tenho sede. Tenho fome. Tenho tédio, tenho tudo. Fico comigo mesmo, na solidão de mim. E pra que fugir da solidão? Crio uma canção do amor mais triste, crio o possível desespero de mim mesmo, e quando olho para a janela já está quase amanhecendo. Lá se vai mais uma madrugada que eu tenho, jogada para o lado, das coisas que o mundo não sabe. Coisas de mim, coisas sem sentido, coisas de amor, coisas da vida, coisas da noite. E é fim de noite, o sol está entrando no céu. A lua está dando o último adeus para a noite, e o sol domina. Já está clareando em Sampa, e olho em direção norte, sei que nessa direção está o Rio, onde eu seguirei às três horas da tarde. Eu não irei partir para sempre, queria boemia de São Paulo, eu voltarei! Voltarei para a minha solidão profunda, para a minha solidão da noite. É tão bom saber que a nossa solidão é só nossa, de mais ninguém. Uma solidão que acabará mais tarde, ou continuará. Acho que continuará. Solidão nunca morre, assim como o amor, o sofrimento, a tristeza, a dor. Tudo prevalece. A felicidade talvez. Só é feliz quem tem o amor. Tudo depende de tudo, e eu dependo do amor, do sofrimento, da tristeza, da solidão, e as vezes também da felicidade. Eu amo isso tudo, não vou deixar fugir. É tudo tão pleno, concreto, tanta solidão, tanto amor, tanta dor. A felicidade só vem quando o sofrimento para em um determinado momento. É incrível como o amor pode ser de tanta maneira... Amor de mãe, amor de amizade, amor de paixão, amor de irmão, amor de primo, de tio, de sobrinho, de afilhado... Tantos amores que eu tenho e que também nunca deixarei de ter. A felicidade eu sempre tive; a solidão também; o sofrimento também tive; o amor sempre tive e também nunca deixarei de ter. 

2 comentários:

  1. Que texto lindo e forte Mateus :O
    Nossa, me fez refletir um monte, parabéns, seu blog é demais. *-*

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